segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Relações mães e filhas: um caminho possível


Relações mães e filhas: um caminho possível
Nem sempre é fácil lidar com a questão de Cronos, deus da mitologia grega que não aceitava que seus filhos se tornariam adultos


Um dia você descobre que a garotinha de cachos dourados cresceu. Hoje ela é uma jovem mulher de cabelos lisos, que possui desejos e vontades. Os pais (cada vez mais cedo) se surpreendem com os filhos crescidos, deixando para trás um tempo no qual a mãe era a mulher jovem da família.

Nem sempre é fácil lidar com a questão de Cronos, deus da mitologia grega que não aceitava a ideia de que os seus filhos se tornariam adultos e tomariam o seu lugar. Na nossa sociedade, “Cronos”, ou melhor, a metáfora deste tempo que existe e cobra seu lugar, também se faz sentir, embora muitas vezes de uma forma camuflada.

Esta questão muitas vezes vem marcada com a percepção de que esta mulher já não é mais tão jovem e que precisa elaborar os lutos de um corpo que se transforma, de um tempo que passa. Nesta fase da vida, quando este impasse está presente, podem ocorrer inúmeros conflitos na relação entre mãe e filha.

Os espaços que vivemos em nossas vidas precisam ser entendidos como transitórios, embora ninguém deseje realmente envelhecer. As transmissões de lugares são inerentes e estão arraigadas à nossa cultura. Todos nós fazemos parte de um ciclo vital: nascemos, nos desenvolvemos, viramos jovens, adultos e, mais tarde, adultos-idosos. Enfim, nesse tempo da vida, uma fase importante é a que anuncia que a mãe pode dar o lugar de sexualidade para a filha, sem perder a sua já conquistada plenitude.

Lugar este que pode, sim, ser de um novo aprendizado, principalmente do exercício do verdadeiro amor. Este amor maduro que aceita com alegria que “os nossos filhos possam ser uma geração melhor do que a nossa”. Mas, para isso, é preciso um maior desprendimento, um reconhecimento da própria confiança interna e emocional.

Penso que uma das benções mais importantes é o momento da transformação e a passagem para o lugar de avó. Um lugar de crescimento e transmissão de legados, valores e a possibilidade de estreitarmos este laço afetivo tão importante entre mãe e filha.

Às vezes é preciso passar o “cetro”, dando um lugar de força e permitindo que nossas filhas possam reinar nesta função de mulher, jovialidade, beleza e, sobretudo, cumprindo um verdadeiro aprendizado, fruto da relação materna.

E quem disse que as mulheres de 50, 55, 60 ou mais, não podem ser belas e desejáveis? Quando a mulher permite que a passagem do tempo seja vivida como um bem maior, inevitavelmente ela entrará em contato com uma outra forma de viver a sua nova temporalidade. Momento de novos descobrimentos.

Autoria: Dorli Kamkhagi - é mestre em Gerontologia pela PUC-SP e psicóloga do Centro de Estimulação Cognitiva e Funcional do Idoso do Programa de Psicogeriatria do Hospital das Clínicas.

Imagem: Net



6 comentários:

  1. "Os filhos são educados como se fossem ficar toda a vida filhos, sem nunca se pensar que eles se tornarão em pais ."

    Excelente texto.

    Abraço.

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  2. Bom dia
    Obrigado por passar pelo meu canto.Espero que goste e contribua para que cada dia seja melhor.Dentro desta linha de pensamentos, quero felicitá-la por este artigo.
    É um tema sempre actual. As guerras entre pais e filhos começa muitas vezes porque não se quer ver que a criança morreu já lá vai muito tempo.
    É necessário mudar o nosso relacionamento numa linha de paridade com responsabilidade.
    Não é fácil. Eles, os filhos, serão sempre os nossos meninos. Ainda que sejam pais e nós avós, continuaremos a senti-los os nossos meninos.
    Cedo me fui relacionando com os meus nesta linha de abertura e de muita amizade e compreensão.
    Algumas vezes foi muito violento mesmo, mas o que eu mais queria era continuar a sabe-los meus amigos e nunca inimigos sempre "do contra".
    Parece-me que estamos todos bem situados.
    Ser mãe aqui ainda é mais duro. Com persistência e alguma luta também conseguem e serão mais felizes dando espaço para que eles possam crescer e fazer o mesmo que cada um de nós também fez.
    Desculpa a extensão do comentário mas é um assunto que eu muito gosto e que me faz amar a vida de cada dia.

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  3. Oi estou passeando pelas paginas aqui e gostaria de aproveitar para convidar conhecer meu trabalho através do blog Ecos em www.ecosdotelecoteco.blogspot.com Grande abraço e sucesso ai para voce.. T +

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  4. Olá Rosani, adorei seu trabalho, vou passar por aqui de vez em quando para conferir. Abraço forte!

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  5. Adorei este texto. Os filhos, na verdade, foram por nós educados, mas pertencem ao mundo. A separação é difícil, mas é saudável. Temos que saber amar com desapego. Beijos e fique com Deus.

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  6. Tenho um presentinho para vc, passe no meu blog e pegue. BJusssssssssssss

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