"Um dos fatores que contribui para que uma pessoa se sinta cada vez mais só é o de ser mais difícil para ela restabelecer um relacionamento social satisfatório. Podem ser os traços de personalidade, perdas de parentes e amigos, perda de relações sociais, depressão, vivências de emoções negativas que levam o indivíduo ao isolamento" Atualmente um número significativo de pessoas tem uma vida solitária. Devido à solidão as pessoas tornam-se debilitadas, deprimidas e desmoralizadas. A solidão tem sido frequentemente associada à depressão, à hostilidade, ao alcoolismo, a um fraco autoconceito, baixa autoestima e a doenças psicossomáticas. As implicações da solidão são sentidas em qualquer cultura.
Na literatura encontramos várias definições para solidão. Alguns autores descreveram a solidão como sendo a experiência associada à discrepância entre as relações que percebemos, que temos versus as relações ideais. Outra definição é a experiência desagradável que deriva de importantes deficiências nas redes de relações sociais. E uma outra definição é conceber a solidão simultaneamente como desagradável e motivante surgindo de uma necessidade não encontrada de intimidade pessoal. E também podemos encontrar a definição em que a solidão é uma experiência que surge da separação da experiência humana. Ou seja, pode ser qualquer tipo de separação que a pessoa vivencie: perda dos pais, irmãos, divórcio, viuvez...
Várias definições partilham alguns pontos em comum. Ou seja, todas as definições implicam que a solidão resulta de deficiências nas relações sociais da pessoa sozinha. E também a solidão é vista como fenômeno psicológico subjetivo e por isso não é sinônimo de isolamento. Toda pessoa tem pelo menos um contato social mínimo. Portanto, a solidão é vista mais como representando insatisfação com o número ou a qualidade dos contatos que uma pessoa tem do que com a ausência total de contato social.
Quais fatores contribuem para você se sentir cada vez mais só?
Existem muitos fatores que contribuem para o aumento da vulnerabilidade das pessoas à solidão. Um dos fatores que contribui para que a pessoa se sinta cada vez mais só é o de ser mais difícil para ela restabelecer um relacionamento social satisfatório.
Existe na nossa cultura o estereótipo que as pessoas idosas são solitárias e mais deprimidas. As pessoas jovens e as idosas concordam em que são as pessoas idosas que mais se sentem sós. Esse estereótipo não se confirma quando pessoas revelam a sua própria experiência de solidão.
Estudo realizado na Universidade do Porto, em Portugal (2001), pelo Centro de Cognição, Afectividade e Contexto Cultural, foi investigado se haveria diferenças na solidão em pessoas de três grupos etários (adolescentes, adultos e idosos). A hipótese era encontrar diferenças no nível de solidão nos três grupos etários.
Participaram da pesquisa 105 adolescentes, 116 adultos e 104 idosos. Foram aplicados vários instrumentos específicos para avaliar a solidão nos sujeitos. Os resultados mostraram que os adolescentes e os idosos sentiam mais a solidão que os adultos. Em cada grupo etário encontraram-se correlações significativas entre solidão e neuroticismo (traço de personalidade ou estado afetivo no qual o indivíduo 'experiencia' afetos negativos, por exemplo: pessoas nervosas, com humor deprimido); o optimismo (característica ou dimensão importante da personalidade que faz o indivíduo refletir sobre sua vida futura, é uma forma de perspectivação, por exemplo: pessoas extrovertidas, motivadas e otimistas); e a satisfação com a vida. Não houve diferenças em relação ao gênero. Apesar de interessante, esse estudo necessita ser aprofundado.
A satisfação com a vida é definida como uma avaliação global da qualidade de vida de uma pessoa segundo os seus critérios escolhidos. As pessoas podem atribuir valores diferentes para bem-estar emocional, bem-estar material, saúde física, saúde mental percebida, etc... A satisfação com a vida parece estar em grande parte relacionada com a qualidade do nosso relacionamento social. Diversos estudos sugerem que a solidão está associada a diversos estados afetivos como sentir-se menos feliz.
Quando se fala que uma pessoa sofre de solidão, não é suficiente que a pessoa esteja consciente da discrepância entre as relações atuais e as desejadas. A solidão é sempre uma experiência desagradável, dolorosa. Por isso a discrepância deve ser acompanhada por um ou mais sintomas coloridos por uma tonalidade afetiva negativa. Nessa rede de afetos pode estar inserido o neuroticismo. A solidão é um importante indicador de qualidade de vida.
Outras pesquisas recentes, porém, sugerem que, o vigo dos jovens deve ser “compartilhado”. As relações intergeracionais protegem os idosos da depressão e da solidão. Por meio de interações sociais, os jovens podem transmitir parte do seu vigor para os idosos, melhorando assim as capacidades cognitivas e a saúde vascular dos mais velhos e até aumentando sua expectativa de vida.
Foi comprovado que a convivência de idosos com pessoas jovens é fundamental para estabilizar o declínio cognitivo. A atividade física também torna-se mais benéfica para os idosos se for praticada em espaço social com pessoas jovens. Outras investigações poderão ser feitas para averiguar o potencial terapêutico da socialização intergeracional. Se você não realiza atividades com pessoas mais jovens, fica a dica: visitar, receber visitas, inclusive dos netos, faz bem para à saúde de ambos.
Autoria:
Elisandra Vilella G. SéNa literatura encontramos várias definições para solidão. Alguns autores descreveram a solidão como sendo a experiência associada à discrepância entre as relações que percebemos, que temos versus as relações ideais. Outra definição é a experiência desagradável que deriva de importantes deficiências nas redes de relações sociais. E uma outra definição é conceber a solidão simultaneamente como desagradável e motivante surgindo de uma necessidade não encontrada de intimidade pessoal. E também podemos encontrar a definição em que a solidão é uma experiência que surge da separação da experiência humana. Ou seja, pode ser qualquer tipo de separação que a pessoa vivencie: perda dos pais, irmãos, divórcio, viuvez...
Várias definições partilham alguns pontos em comum. Ou seja, todas as definições implicam que a solidão resulta de deficiências nas relações sociais da pessoa sozinha. E também a solidão é vista como fenômeno psicológico subjetivo e por isso não é sinônimo de isolamento. Toda pessoa tem pelo menos um contato social mínimo. Portanto, a solidão é vista mais como representando insatisfação com o número ou a qualidade dos contatos que uma pessoa tem do que com a ausência total de contato social.
Quais fatores contribuem para você se sentir cada vez mais só?
Existem muitos fatores que contribuem para o aumento da vulnerabilidade das pessoas à solidão. Um dos fatores que contribui para que a pessoa se sinta cada vez mais só é o de ser mais difícil para ela restabelecer um relacionamento social satisfatório.
Existe na nossa cultura o estereótipo que as pessoas idosas são solitárias e mais deprimidas. As pessoas jovens e as idosas concordam em que são as pessoas idosas que mais se sentem sós. Esse estereótipo não se confirma quando pessoas revelam a sua própria experiência de solidão.
Estudo realizado na Universidade do Porto, em Portugal (2001), pelo Centro de Cognição, Afectividade e Contexto Cultural, foi investigado se haveria diferenças na solidão em pessoas de três grupos etários (adolescentes, adultos e idosos). A hipótese era encontrar diferenças no nível de solidão nos três grupos etários.
Participaram da pesquisa 105 adolescentes, 116 adultos e 104 idosos. Foram aplicados vários instrumentos específicos para avaliar a solidão nos sujeitos. Os resultados mostraram que os adolescentes e os idosos sentiam mais a solidão que os adultos. Em cada grupo etário encontraram-se correlações significativas entre solidão e neuroticismo (traço de personalidade ou estado afetivo no qual o indivíduo 'experiencia' afetos negativos, por exemplo: pessoas nervosas, com humor deprimido); o optimismo (característica ou dimensão importante da personalidade que faz o indivíduo refletir sobre sua vida futura, é uma forma de perspectivação, por exemplo: pessoas extrovertidas, motivadas e otimistas); e a satisfação com a vida. Não houve diferenças em relação ao gênero. Apesar de interessante, esse estudo necessita ser aprofundado.
A satisfação com a vida é definida como uma avaliação global da qualidade de vida de uma pessoa segundo os seus critérios escolhidos. As pessoas podem atribuir valores diferentes para bem-estar emocional, bem-estar material, saúde física, saúde mental percebida, etc... A satisfação com a vida parece estar em grande parte relacionada com a qualidade do nosso relacionamento social. Diversos estudos sugerem que a solidão está associada a diversos estados afetivos como sentir-se menos feliz.
Quando se fala que uma pessoa sofre de solidão, não é suficiente que a pessoa esteja consciente da discrepância entre as relações atuais e as desejadas. A solidão é sempre uma experiência desagradável, dolorosa. Por isso a discrepância deve ser acompanhada por um ou mais sintomas coloridos por uma tonalidade afetiva negativa. Nessa rede de afetos pode estar inserido o neuroticismo. A solidão é um importante indicador de qualidade de vida.
Outras pesquisas recentes, porém, sugerem que, o vigo dos jovens deve ser “compartilhado”. As relações intergeracionais protegem os idosos da depressão e da solidão. Por meio de interações sociais, os jovens podem transmitir parte do seu vigor para os idosos, melhorando assim as capacidades cognitivas e a saúde vascular dos mais velhos e até aumentando sua expectativa de vida.
Foi comprovado que a convivência de idosos com pessoas jovens é fundamental para estabilizar o declínio cognitivo. A atividade física também torna-se mais benéfica para os idosos se for praticada em espaço social com pessoas jovens. Outras investigações poderão ser feitas para averiguar o potencial terapêutico da socialização intergeracional. Se você não realiza atividades com pessoas mais jovens, fica a dica: visitar, receber visitas, inclusive dos netos, faz bem para à saúde de ambos.
Autoria:
é Fonoaudióloga, Mestre em Gerontologia e Doutoranda em Linguística
Imagem: Net
Como dizia o poeta
ResponderExcluirQuem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes
Um grande abraço e muita luz
Julimar
Nunca chegamos ao fundo da nossa solidão ...
ResponderExcluiróptimo texto.
Abraço.